Numa praia na Costa Italiana, eu observava o ballet das gaivotas sobrevoando as transparentes e frescas águas tingidas de verde esmeralda. As aves tinham um olho no mar e outro nos turistas desprevenidos, que ao se banhar esqueciam os sanduíches sobre as mesinhas. Mal sabiam que o seu “dolce far niente” estaria seriamente comprometido ao saírem do mar, as gaivotas eram mais velozes.
Sentada sob o guarda-sol de sapé me divertia a sagacidade das aves no céu e o vai e vem de vendedores de tudo o que é coisa na areia.
Uma vendedora de vestidos de praia me chama a atenção. Fui olhar mais de perto porque ela era idêntica a minha amiga Zizi. Começamos a conversar, e pelo meu sotaque e tentativa de falar um italiano que sempre mais me atrapalha do que ajuda, ela gentilmente me disse que falava português, pois morou oito anos no Brasil. Ficamos conversando um pouco sobre a vida na Itália e no Brasil. A semelhança com minha amiga era tanta que a saudade cresceu, eu não a via há mais de 8 meses.
No avião para Roma, comento com meu companheiro o encontro com a clone da Zizi, e logo engatamos num papo sobre sincronicidade, um assunto que sempre me magnetizou. Sincronicidade – termo identificado por Jung – é a relação significativa não causal de acontecimentos – a “coincidência significativa” de dois ou mais fatos que causam emoção.
E conto um momento de sincronicidade que vivi há uns 10 anos. Eu e o Marco, meu sócio, desenvolvemos um trabalho de psicologia para um grupo de liderança de um hospital. No intervalo, de um dos encontros, descemos para a cafeteria. Quando chegamos ao térreo e a porta do elevador se abre, dou de cara com um amigo ortopedista , que na concepção desse trabalho, tinha me ajudado com dicas de saúde. Fiquei feliz ao vê-lo, contei que havíamos sido contratados, apresentei meu sócio e acrescentei , Marco, se algum dia tiver algum problema com sua mão, “esse é o cara”.
Onze da noite , daquele mesmo dia, recebo um WhatsApp do Marco.
-Adivinha onde estou?
-Onde?
-Entrando no centro cirúrgico para operar minha mão com o seu amigo ortopedista, o que você me apresentou de manhã!
Marco tinha aulas de teatro e numa manobra mais ousada caiu por cima da mão e teria que colocar um pino. Fiquei perplexa por um bom tempo.
Histórias como essas sempre me fascinaram, eu tenho uma coletânea delas. Quando menina, as chamava de magia do destino, e, no fundo, de uma forma mais simples, acho que é isso mesmo; uma força do universo atua para que as pontas soltas se juntem. Porque se não pegássemos o elevador naquele exato momento, não estivesse o médico a passar por lá naquele exato momento, nada disso teria acontecido. Que viagem é essa no tempo?
Bom, mas só pra arrematar essa história, chego no hotel em Roma, e assim que coloco meus pés lá dentro em direção ao check in, quem eu encontro?
Sim, Zizi, a amiga que achei ter visto pela manhã em outra parte da Itália. Ficamos tão emocionadas, sobretudo porque ela diz que no dia anterior, havia falado para seu marido que estava com saudade e iria me ligar!
Fala a verdade, sincronicidade não é algo surpreendente?
Se você já viveu alguma experiência assim e quiser compartilhar aqui, vou adorar!
Só colocar nos comentários.
Estava em Salvador. Num workshop de análise Bioenergética. O último dia era também o final do meu Yom Kippur. Minha amiga Glaucia veio me buscar no hotel para irmos a Sinagoga. No caminho, conversando sobre as músicas judaicas, ela conta de um judeu etíope que conheceu dando uma aula de dança circular, no Pelourinho, há muitos anos, e que nunca mais tinha visto. Um menino lindo, preto, de olhos azuis. Diz que ele, ao ouvir uma música judaica, pediu para entrar no local. Ela ficou encantada com o conhecimento dele sobre as músicas, e, obviamente, o convidou a entrar na sala. Quando chegamos na Sinagoga, não me deixaram entrar por questão de segurança. Tentei de tudo, até nomes da colônia judaica baiana que eu conhecia, nada. A música que eu tanto queria ouvir, o Havinu Malkeinu, já começando, minha amiga lá de dentro dizia: deixa ela entrar. Eu aflita do lado de fora. De repente, do nada, surge um moço, reconhece minha amiga e diz: elas podem entrar, eu conheço. O moço era o garoto etíope, que agora trabalhava lá como segurança e reconheceu Glaucia.
Fanny
Saí da livraria com um livro que achei que a cara de minha amiga. Tínhamos isso, ela mandava livros que lia e achava que eu iria gostar e eu fazia o mesmo. Deixei o livro na portaria da casa dela. Chego em casa e tem uma encomenda dessa amiga para mim, abro e fico impressionada com a sincronicidade: era exatamente o mesmo livro que eu tinha acabado de comprar e deixar na casa dela.
Uma mulher chamada Elisa, desconhecida para mim, entrou em contato pelo Instagram, querendo um anel de esmeralda para o seu casamento. Ela queria escolher a pedra antes, então marcamos um encontro em Nova York no mês seguinte. Viajei para vários lugares nos EUA e meu destino final seria Nova York. Uma semana antes do encontro fui para os Hamptons passar o final de semana na casa de uns amigos. No sábado de manhã fui caminhar, acabei me perdendo e não achava o acesso que levava até a praia. Não havia ninguém por perto para pedir informação e nenhma sinalização. De repente, vejo uma mulher linda e jovem vindo na minha direção e resolvi perguntar. Ela disse que estava indo para a praia e que eu poderia segui-la. Aí ela se vira e pergunta : “Você é a Sílvia Furmanovich”? Eu disse : “Sim” ! E ela: “eu sou a Elisa que marcou um encontro com você na próxima semana “ ! Fomos juntas até a praia, chocadas com tamanha sincronicidade. E o melhor ainda está por vir: na hora que chegamos na praia uma baleia gigante estava jorrando água a quatro metros de altura, bem na nossa frente. Coisas do nosso mágico Universo. A partir daí ficamos muito amigas e conectadas. Ela vai se casar com o anel que criamos juntas!
Nos idos tempos da faculdade fiz uma viagem pra Bolívia e Peru, com tres amigos.
Só não conhecia um deles que era colega de faculdade do amigo em comum.
Viajamos juntos por quinze dias.
De Machu Picchu voltei com meu amigo para Cuzco para seguirmos de ônibus para Lima.
Os outros 2 seguiriam viagem pelo vale de Olantaitambo .
Eu fiquei triste de imaginar que talvez não encontrasse mais o tal amigo desconhecido, que se revelou bem interessante, e que me balançou um tanto.
Mas fazer o que? Cada um seguiu seu itinerário.
Qdo chegamos em Lima, depois de uma viagem longa e cansativo tudo o que eu mais queria era uma cama limpa e uma ducha quente.
Passamos por vários hotéis. Uns não tinham lugar, outros eram caros até que na ultima parada, eu falei: se tiver lugar ficamos aqui.
Fomos descansar e depois saímos pra visitar uns arquitetos em Lima.
Enquanto meu amigo tentava conseguir um táxi, vejo os outros dois amigos que estavam conosco em Machu Picchu, subindo a rua!
Não acreditei! Meu coração acelerou, mas como assim, eles não foram para o Vale de Olantaitambo?
Fiquei sabendo que eles, por não estarem muito preparados para o extremo frio que iriam enfrentar, mudaram o roteiro na última hora.
Resolveram seguir para Lima, e estavam hospedados no mesmo hotel! Se eu não pegasse o táxi naquele momento, possivelmente não nos veríamos, porque sairíamos para o Brasil cedo no dia seguinte.
E não é que o tal do “amigo desconhecido”, o Sergio, foi durante vinte e sete anos meu companheiro e minha grande paixão.
Nos idos tempos da faculdade fiz uma viagem pra Bolívia e Peru, com tres amigos.
Só não conhecia um deles que era colega de faculdade do amigo em comum.
Viajamos juntos por quinze dias.
De Machu Picchu voltei com meu amigo via Cusco e de ônibus para Lima.
Os outros 2 seguiriam viagem pelo vale de Olantaitambo .
Eu fiquei triste de imaginar que talvez não encontrasse mais o tal amigo desconhecido, que se revelou bem interessante, e que me balançou um tanto.
Mas fazer o que? Cada um seguiu seu itinerário.
Qdo chegamos em Lima, depois de uma viagem longa e cansativa, tudo o que eu mais queria era uma cama limpa e uma ducha quente.
Passamos por vários hotéis. Uns não tinham lugar, outros eram caros até que na ultima parada, eu falei: se tiver lugar ficamos aqui.
Fomos descansar e depois saímos pra visitar uns arquitetos em Lima.
Enquanto meu amigo tentava conseguir um táxi, vejo os outros dois amigos que estavam conosco em Machu Picchu, subindo a rua!
Não acreditei! Meu coração acelerou, mas como assim, eles não foram para o Vale de Olantaitambo?
Fiquei sabendo que eles, por não estarem muito preparados para o extremo frio que iriam enfrentar, mudaram o roteiro na última hora.
Resolveram seguir para Lima.
Estavam hospedados no mesmo hotel!
E não é que o tal do “amigo desconhecido”, o Jorge, foi durante vinte e sete anos meu companheiro e minha grande paixão.
Sim, é surpreendente!
Tão surpreendente que estou lendo agora seu post sentado na sala de espera do PS do mesmo hospital porque machuquei a mesma mão hoje. Talvez até tenha fraturado… só espero não precisar operar.
“Essa história com o meu sócio, o Marco, no hospital operando a mão às 23:00hs, aconteceu há 12 anos.
Ontem, quando eu postei essa crônica no meu insta, ele deixou esse comentário às 23:00hs!”
Muito legal. Eu já tinha comentado e fiquei de postar alguma coisa a respeito. Mas ainda estou tentando me lembrar de algo realmente inusitado. Além da sincronicidade com suas crônicas e suas preferências musicais e cinematográficas.