Em uma viagem recente a Brasília, ao parar em frente à Esplanada dos Ministérios, uma cena antiga me voltou de imediato: uma festa de criança onde as lembrancinhas eram tão sofisticadas que causavam constrangimento nas pessoas.
Os pequenos não podiam escolher, porque o nome de cada um já estava nos pacotes. Eles batiam os pés protestando que o presente do amiguinho era melhor.
As mães tentavam mostrar a educação que haviam dado aos filhos. Sussurravam desesperadas nos ouvidos de seus rebentos, procurando convencê-los que depois da festa poderiam tentar trocar, lá fora, com os amiguinhos. Uma loucura.
Imaginei aquelas crianças birrentas, agora adultas, ali, na Esplanada:
– Mas Zezinho, por que você não quer o Ministério das Relações Exteriores? Ele combina tanto com você. Fica com ele um pouquinho, depois a gente troca. Prefere a Saúde? Com toda essa Zika por aí?
– E você, Mariazinha, não quer o do Turismo? Como assim a vista não é tão boa como a da Justiça? Você não adora viajar?
Seria cômico se fosse apenas a minha imaginação.