Em nossos preparativos para a viagem, eu e Silvia passamos ou tentamos passar, um pente fino em várias possibilidades da nossa ida à Asia.
Após escolhermos detalhadamente o roteiro, deixamos o tempo da espera, ao tempo do desconhecido, que por muitas vezes permeado da ansiedade que brota naturalmente desse tipo de viagem, nos faz prisioneiros das melhores odisséias que poderíamos viver caso não saibamos nos deixar à deriva do novo, dos imprevistos, do que esta por vir.
Nos permitimos então, ficar nesse lugar desconhecido, o de dentro e o de fora.
Esse tempo de espera, dos espaços entre o conhecido e o inusitado, essa percepção dos “Espaços –Entre”, é neles que nasce a possibilidade de sair de um lugar a outro, parece banal, mas não é assim tão simples.
Essa trajetória que todos nós perseguimos ao longo de nossas vidas, essa nova descoberta recheada de infinitas possibilidades, esse é o espaco entre.
Soltar o conhecido e se lançar ao desconhecido.
Aquele momento que abrimos mão do seguro e nos lançamos ao in-seguro.
Como identificar esses momentos? Você já escutou o som entre uma nota e outra? Já conseguiu escutar apenas a “vibração” do som? Ficar nessa vibração, sem o vício de voltar para a busca do som conhecido?
Se quisermos conhecer algo realmente novo, temos que treinar nossos ouvidos, ou melhor, nossa escuta à novas percepçōes, novas vibraçōes.
Para esta nova escuta, temos que nos permitir caminhar para além dos domínios dos ruídos conhecidos.
Necessitamos de quietude e generosidade para conosco , onde julgamento algum faz o menor sentido.
Assim nos encontramos em Luang Prabang, assim estamos nos permitindo viver algo novo e sem nada possível com o que comparar.