Dentre as festas religiosas que conheço a que mais me desperta um sentimento de alegria contínua é a Festa das Luzes, na cultura judaica. Por oito noites consecutivas, acende-se o candelabro de oito braços e mais um para a vela piloto que servirá de guia para o acendimento de todas.
Em Chanukah comemora-se a vitória de um pequeno grupo de judeus macabeus que resistiu à proibição dos seus rituais e à invasão do Segundo Templo de Jerusalém no século 2 aC. O grupo permaneceu por oito dias como guardião do templo e o milagre foi justamente a duração inesperada da luz vinda de um único pavio no óleo de oliva, livrando os judeus da escuridão total dentro do grande templo.
A cada noite, uma nova vela é adicionada à da noite anterior. No oitavo dia todas estarão iluminadas ao mesmo tempo. É lindo de ver! As crianças adoram essa celebração. O sentido maior dessa simbologia está na palavra Chanukah, que em hebraico significa, além de inauguração e graça, mais luz.
Certo dia perguntaram ao sábio talmúdico Hillel, “por que não se poderia acender já nos primeiros dias todas as velas?”, ele observou que o ser humano tem, nesse gesto diário por oito noites, a oportunidade de trazer a energia do genuíno, daquilo que é verdadeiro, com serenidade, um dia após o outro; uma noite após a outra, em meditação.
Ao todo acenderemos 44 velas. Quarenta e quatro oportunidades de revisão da nossa vida.
No passado, essa luz comemorativa era feita com as primeiras gotas da azeitona prensada. O azeite mais puro, não manipulado. A essência da luz emana de dentro para fora, já que a Chanukia – o candelabro de oito braços – deve ficar colocada sempre próxima a uma janela que dá para a rua.
Nenhuma luz de fora, as que podem ofuscar ou enganar, tem a força da luz da sua casa. Ou seja, a força da sua essência, daquilo que brota genuinamente.
Aos poucos, à luz da consciência, vai se percebendo o que tem de ficar e o que tem de sair. Às vezes, o mal não pode ser cortado pela raiz, pois corre o risco de brotar novamente da escuridão.
As velas concretizam o desejo de integrar o melhor de si em comunhão aos outros seres.
Desejo a todos que possamos celebrar a festa das luzes, que também é representada na árvore de Natal, praticando o bem.
Como dizem os cabalistas: faça o bem se afastando do mal!